domingo, 20 de dezembro de 2009

"A língua é minha pátria"

Vejo como o grande músico nos revela a máxima das máximas culturais. Se há algo - sim, há - que jamais podem tirar de um povo, essa é a língua! Esta sela a identidade cultural de uma sociedade; está acima de qualquer outra semelhança. Falar uma mesma língua é o que se tem de mais importante para a sobrevivência de uma ligação interpessoal.

Entretanto, minha reflexão fica, hoje, na superioridade do trabalho literário. Este remonta qualquer fonologia; inverte qualquer morfologia; extrapola qualquer sintaxe; inibe qualquer semântica; e está acima de qualquer pragmática. O engenho poético deforma/reforma aquilo que conhecemos como "gramática". E se há essa entidade superior, ela é três: a fala do povo, a escrita dos colégios e a beleza dos escritores.

Não estou a compor versos, mas minhas linhas prosaicas me dão tanto trabalho quanto aqueles deram a Olavo Bilac. Mesmo os grandes nomes de nossa literatura confessaram a dificuldade de captar, analisar, trabalhar e expor as palavras. Mesmo não estando no mesmo campo de Drummond, faço minha sua colocação e admito-me como um lutador:
"Lutar com palavras
é a luta mais vã"

Sinto grande dificuldade em expor minhas ideias sonoras com o uso de gráficas palavras. Dar vida às mortas do uso cotidiano é missão difícil que peguei para mim. Nessa tentativa estou há algum tempo e, em breve, apresento-lhes os primeiros resultados de meu trabalho, doce e amargo ao mesmo tempo.

Quero aqui terminar meus breves pensamentos: espero ter-me feito entender, apesar de não querer chegar a lugar algum!

[citações: A Língua - Caetano Veloso; O Lutador - Carlos Drummond de Andrade]

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