terça-feira, 22 de dezembro de 2009

DE QUEM VOS ESCREVE E POR QUÊ

Verdade é que, enquanto caminhei por estradas terrestres, fui muito feliz e optei por deixar registrada essa felicidade à posterioridade. Embora eu ainda seja como um defunto autor, vale a pena dizer que escrevi minhas cartas aos sobreviventes no decorrer dos anos que me couberam e, portanto, enquanto vivo eu ainda era. Antes que me chegasse o dia, concebi e concretizei esta ideia que vos apresento.

Minhas Cartas de Morte! são, sem sombra de dúvida, o retrato mais fidedigno daquilo que fui, pareci ser e senti na vida. A ideia me veio junto com o florescer de minha juventude, quando ainda pouco tinha para narrar-lhes e, desde lá, comecei a compor aquilo que ficaria – e ficou - sob a guarda da fiel amiga de toda vida.

Tentando eternizar, de alguma forma, minha pobre existência, ano após ano, anexei o balanço do último aos escritos já prontos dos primeiros vinte de que dispus. De forma resumida e em estilo conciso, fui do berço à adolescência; e daqui ao estado presente. Haja visto, assim, o tom de observação que tento dar a essas linhas.

Resolvi apresentar-me como José Augusto, quem atendeu ao chamado da Moira aos oitenta e cinco anos. Vivi menos do que gostaria, mas a voz daquela que nos corta o fio é altiva e a ela é inevitável obedecer. Poucos ficaram ao pé do esquife, mas é fato que poucos tive fora dele. Entretanto, lá chegaremos em algum ponto e isso, agora, nos basta.

É chegada a hora de passar ao que de fato presta nisso tudo. Espero que muitos tenham chegado até aqui e, ainda mais, que algo do dito sirva para alguém. Pensando, assim, que algum dia terei utilidade com a mão no teclado, dou início as minhas cartas.

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