quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

DA GÊNESE DA CARTA

Voltando um bocado, a época em que tudo isto começou a ser escrito já está dada. O motivo que o despontou é que ainda não está dado.

Notei em um momento cuja moda era o suicídio que a práxis dos desesperados era anotar seus passados e presentes sentimentos, misturando-os às impressões do futuro para deixar uma carta aos sobreviventes. Foi aí que a ideia nasceu em minha mente e, tão logo amadureceu, já escrevia.

Jamais pensei em me suicidar – logo verão o porquê –, mas deixar aos meus vindouros o balanço de tudo por que passei seduziu-me os brios e pus-me a frente do computador.

Guardei, até quando pude, todos os arquivos em segurança e, ao ver que já se esgotavam as areias do meu tempo, deixei as preciosas páginas sob as asas protetoras da amada amiga, acompanhante da vida inteira. Agora que a ampulheta já virou, minha companheira pode – como lhe havia prescrito – deixar vir à tona minhas Cartas de Morte! Com medo da carta aparecer antes da hora para a qual planejei, escondi-me atrás do pseudônimo já conhecido.

Vem, por fim, para os corajosos, o possível interessante.

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